Nos EUA mais de 2.000 colisões ocorreram em passagens de nível rodovia-ferrovia em 2015, resultando em 244 mortes e 967 feridos. Aproximadamente 500 dessas 2.000 colisões anuais envolvem veículos comerciais, incluindo grandes conjuntos de veículos de carga.
A extensão da malha ferroviária americana tem impacto nesses números absolutos quando comparados com os nossos, mas, medidas preventivas foram lá adotadas e os resultados vieram.
Certamente a imprudência, a falta de atenção dos motoristas e as vezes até falha mecânica dos veículos acabam provocando a colisão lateral: sempre um acidente grave em função da inércia da composição ferroviária.
Na última semana ocorreram dois acidentes típicos no Brasil. Um deles chamou a atenção: uma prancha ficou “presa” nos trilhos na passagem de nível e foi abalroada pelo trem. Um acidente de alto potencial que merece uma análise técnica mais detalhada: Por que uma prancha, particularmente a rebaixada, pode “enroscar” nos trilhos?
– Porque são veículos especiais com vão livre pequeno e com entre-eixos longo, fatores que podem torná-los incompatíveis com a geometria da passagem de nível.
Há regras para a inclinação das rampas para a passagem dos veículos pelos trilhos: 3% de inclinação máxima. Certamente para veículos convencionais é plenamente adequado esse limite. Mas, por que pode ser incompatível para uma prancha como essa da foto acima?
Simples: Porque não basta controlar apenas o parâmetro do greide da passagem! É preciso considerar o “entre-eixos” do conjunto.
Mesmo com o ângulo dentro dos 3%, entre-eixos maiores geram alturas maiores na passagem. Se essa altura se igualar ao vão livre no centro da prancha: BINGO – haverá interferência e a prancha poderá ficar completamente imobilizada sobre os trilhos, até que ocorra a colisão lateral com o trem.
Além da geometria, aspectos dinâmicos podem ser decisivos: ângulo e velocidade da transposição, transferência do peso entre os conjuntos de eixos, que provocam inclinações adicionais colaborando para a interferência com os trilhos.
Veículos especiais requerem cuidados especiais: em muitos casos o ângulo seguro é menor que 3%! Cada conjunto desse tipo exige uma análise prévia para o cálculo do ângulo possível nas passagens de nível em função do entre-eixo e do vão livre.
Isso é, verdadeiramente, Gerenciamento de Risco: por isso o rotograma do ANJO S-track analisa essas questões de uma forma científica, justamente porque sem conhecimento não é possível zerar os acidentes.
Mais informações: consulte www.anjo.mobi e www.trs.eng.br
Fonte: Blog do Caminhoneiro
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